O poder heurístico da representação em Descartes

Reflexões sobre seu papel na termodinâmica

Autores

  • JOJOMAR LUCENA FFLCH, Universidade de São Paulo
  • Cássio Costa Laranjeiras Institute of Physics-Universidade de Brasília
  • José Raymundo Novaes Chiappin FEA, Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.38128/cienciayfilosofa.v13i14.105

Palavras-chave:

Máquina Autônoma, Geometria Mecanizada, Geometria Analítica, Representação e Poder Heurístico, Representações da Termodinâmica

Resumo

Em numerosos trabalhos acadêmicos, enfatizamos a importância e a centralidade do conceito de representação, juntamente com sua função heurística, no avanço do progresso científico. Este estudo visa explorar as origens desse conceito no método de Descartes, que vinculou a geometria a mecanismos autônomos e, posteriormente, traduziu essas conexões para a linguagem algébrica por meio do desenvolvimento da geometria analítica. Ao reconhecer as máquinas autônomas como uma metáfora fundamental dentro do cartesianismo, a noção epistemológica de representação é decomposta em linguagem e programa, adquirindo assim uma dimensão operacional. Por meio de uma revisitação da teoria de Carnot, este trabalho examina como ele formulou uma representação para abordar o problema de maximizar a eficiência de máquinas térmicas e como essa representação evoluiu nas décadas subsequentes. Esses desenvolvimentos levaram ao surgimento de representações com poder heurístico progressivamente maior, revelando um paralelo marcante com os princípios de projeto cartesianos. Esse paralelo serve para particularizar a tese de Duhem sobre a história da física, que postula que as teorias físicas evoluem para representar leis experimentais por meio de estruturas de eficácia heurística crescente.

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Biografia do Autor

JOJOMAR LUCENA, FFLCH, Universidade de São Paulo

Possui graduação em Física, bacharelado e licenciatura, pela Universidade de Brasília (1999), mestrado em Física pela Universidade de São Paulo (2002). É doutor em teologia moral cristã e Filosofia da Ciência. Tem experiência na área de Filosofia e História da Ciência, com ênfase em Epistemologia. Atualmente, é pesquisador do programa de pós doutorado do departamento de filosofia da Universidade de São Paulo, com financiamento do CNPq.

Cássio Costa Laranjeiras, Institute of Physics-Universidade de Brasília

Cássio Costa Laranjeiras é graduado em Física pelo Instituto de Física da UFRJ, Mestre em Ensino de Física pelo Instituto de Física da USP e Doutor em Filosofia da Ciência pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (USP). É professor Associado do Instituto de Física/Universidade de Brasília (UnB), onde ingressou em 1995, e atua nas áreas de Ensino de Física, História e Filosofia da Ciência e na Divulgação e Popularização da Ciência e Tecnologia. É coordenador do MuseuLab/UnB, um laboratório colaborativo de Educação, Divulgação e Popularização da Ciência e Tecnologia. Foi Secretário Regional da SBPC/DF no Biênio 2019-2021. É um dos autores da proposta de implantação do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília.

José Raymundo Novaes Chiappin, FEA, Universidade de São Paulo

Professor Associado - Dept. de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP).RDIDP. Graduação em Física- Instituto de Fisica da USP (1976); Graduação em Filosofia pelo Departamento de Filosofia-USP (1976); graduação em Direito pela PUC-SP(2011);Doutorado em Direito (Direito Comercial)-Faculdade de Direito-USP(Maio-2019). Advogado. Mestrado em Fisica - Instituto de Física-USP(1979) área mecânica estatística; Master e Ph.D. em Filosofia pela Universidade de Pitsburgh, Pensylvania (1989); Pós-doutorado Relações Internacionais pelo Dept. de Ciência Política-USP(1992); Doutorado em Economia-Dept. de Economia-USP (1997);Doutorado em Física- Instituto de Física da USP(2005) - mecânica estatística. Regime de tempo integral e dedicação exclusiva do Dept. de Filosofia da USP de 1976 até 1 semestre de 2009, por trinta e três anos (33). Quando da entrega da livre docência, no Dept. de Filosofia, aceitei os argumentos do prof. Azzoni, e, do Prof. Guilhoto, que o Dept. de Economia valorizava meu trabalho, e, portanto, com ascensão mais rápida ao topo da carreira, para defender a livre docencia e se transferir para o Dept. de Economia da FEA-USP, após 30 anos no Dept. de Filosofia, e, após longa colaboração, desde 1997, com o Dept. de Economia. Foi a mais difícil decisão da minha vida acadêmica, e, aceitei, de boa fé, os argumentos dos professores e defendi a tese de livre docência (2006) no Dept. de Economia. Em 1988, a pedido do prof. Antonio Campino (chefe) e das profas Silvia Schor e Elizabeth Farina ministrei curso Metodologia da Ciência na pós no Dept. de economia sem prejuizo da carga didática do departamento de Filosofia. Em 1997, a pedido do prof. Eleuterio (chefe), dos profs. Decio Kadota e Jorge Soromenho (coord. da pós) do Dept. de Economia assumi o curso de pós de ECONOMIA MATEMÁTICA (Otimização Estática, Otimização Dinâmica com Método Variacional, Teoria do Controle e Equações diferenciais) substitui o Prof. Prandini. Sem prejuízo para a carga didática do Departamento de Filosofia. Em 1998, 1999, e 2000, prof. Eleuterio renovou pedido para continuar o curso de pós em ECONOMIA MATEMÁTICA. Não houve prejuízo para a carga didática do Departamento de Filosofia. Em 2001, e, depois em 2002, prof. Azzoni, novo chefe, pediu para continuar com o curso de pós Economia Matemática. Sem prejuízo na carga didática do Dept. de Filosofia. Em 2003 e 2004 a nova chefe profa.Farina pediu colaboração para manter o curso de pós ECONOMIA MATEMÁTICA. Não houve ônus financeiro. Não houve prejuízo para a carga didática do Dept. de Filosofia. Em 2005 e 2006 o novo chefe prof. Abramovay e profa. Fabiana Rocha( coord.pg) pediram para continuar com o ECONOMIA MATEMÁTICA. Além disso, o prof.Abramavoy pediu (com a prof. Denise coord. da graduação), em nome do Dept., para aumentar minha colaboração, pois, haviam perdido dois profs. de Micro,André Portela e Gledson, para a FGV, para ajudar o prof. Sergio Buarque de Holanda. Passei a ministrar, duas disciplinas, uma na pós ECONOMIA MATEMÁTICA, e uma na graduação, MICROECONOMIA, em ambos os períodos. Dupliquei minha carga didática sem prejuízo para o Dept. de Filosofia. Não houve ônus financeiro. Em 2006, o prof. Azzoni, Diretor da FEA, pediu que ampliasse para três cursos, a colaboração, ajudando, agora, a profa. Farina, que tinha ido para o CADE. Passei a elaborar e ministrar três cursos, ECONOMIA MATEMÁTICA, MICROECONOMIA, e, o curso DIREITO E ECONOMIA na pós do Dept. de Economia.O curso foi oferecido em 2007 e 2008 sem onûs financeiro.Em 2007 e 2008 o prof. Guilhoto, novo chefe, pediu que mantivesse a colaboração, ministrando ECONOMIA MATEMÁTICA, MICROECONOMIA, DIREITO E ECONOMIA. Experiências: (i) de Filosofia, e modelos de racionalidade (ii) de Economia, economia institucional, mercado e estado, teoria da regulação (iii) de Física, mecanismos, fenômenos críticos (iv) Politica modelos de democracia e federalismo;v)de Direito, teoria da regulação, direito e economia.

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Publicado

2025-05-02

Como Citar

LUCENA, J., Costa Laranjeiras, C., & Novaes Chiappin, J. R. (2025). O poder heurístico da representação em Descartes: Reflexões sobre seu papel na termodinâmica. Ciencia Y Filosofía ISSN: 2594-2204, 13(14), 25–55. https://doi.org/10.38128/cienciayfilosofa.v13i14.105